Ontem numa roda social, conversávamos sobre o porque de se casar ao invés de simplesmente morar junto. Alguns argumentos em defesa do morar junto foram colocados ali: é menos dispensioso quando eventualmente o casal quiser se separar; é a mesma coisa, tanto faz; ou que morar junto funciona como um "test drive" para o casamento.Diferente dessa visão entendo que há uma difereça crucial entre casar-se e ir morar junto: a decisão.
Quando um casal decide se casar, invariavelmente há um peso nessa decisão e que leva à necessidade de percorrer vários aspectos do significado de querer se casar com alguém. Tenho um objetivo em comum com essa pessoa? Quero construir minha família com essa pessoa? Ter meus filhos? Amo? Desejo? Qual o meu papel nessa "sociedade"? Qual o papel do parceiro? Como administraremos as questões financeiras? etc. etc.
Quando um casal decide morar junto, normalmente não há esse processo tão profundo, as razões costumam ser mais de ordem prática e objetiva. Afinal estão "apenas" indo morar juntos. Se não der certo, tudo bem. Será?
A exposição emocional de um casal que mora na mesma casa e divide a rotina, as responsabilidades, desejos, afetos e desafetos - seja "apenas morando junto" ou casando-se - é a mesma. Há um penetrar na intimidade da individualidade do outro, inevitável. Assim, natural que surjam discordâncias, discussões, desentendimentos, decepções.
Nesses momentos, a decisão do casamento pode fazer muita diferença. Ter passado pelo processo de deliberação sobre casar-se e ter decidido se casar com aquela pessoa, traz uma fortaleza de propósito, de objetivo, que é a base de uma relação íntima tranquila, equilibrada, feliz!
Do contrário, qualquer discussão ou discordância pode balançar a relação ao ponto de questioná-la, desestruturá-la, pois não se consegue buscar em reflexão as bases da decisão, os motivos que os uniu, se fortalecer no objetivo estabelecido, para relevar, desculpar, retomar.
Achei a tese da decisão muito interessante. Acrescentou sentido, sem dúvida, à escolha do casamento, seja porque traz luz ao compromisso já existente, seja porque estabelece bases para que ele se firme. Mas achei curioso que possa, igualmente, acrescentar sentido à decisão de não se casar: nem sempre as uniões acontecem para ser perenes e nem todas as pessoas buscam uniões perenes. No mais, há pelo menos um outro ponto importante que decorre do que você diz: a consciência das motivações das escolhas e o exercício da decisão ajudam o sujeito a ter uma vida interior tranquila, equilibrada e feliz, em qualquer caso ou circunstância!
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