sábado, 7 de janeiro de 2017

Sobre o caderno de sonhos

Uma das primeiras coisas que digo para alguém que começa um processo terapêutico comigo é: tenha um caderno de sonhos. Compre um novo caderno, desenhe uma capa linda para ele se quiser, mas tenha um, novo, com esse objetivo: ser o seu caderno de sonhos. Deixe-o na cabeceira da sua cama e anote nele os seus sonhos. Quais? Aqueles que se sonha dormindo e aqueles que se sonha acordado.

"Ah mas eu não sonho!", muitas vezes é a resposta que eu ouço. Sim, você sonha todas as noites. Pode ser que você não se lembre, mas você sonha. E à medida que estimular o seu cérebro, tendo seu caderno, você vai começar a lembrar mais e mais. O sonho, para Jung, é uma mensagem do nosso eu mais verdadeiro - o SELF - para o nosso eu consciente - o EGO. 

Quando as escolhas que fazemos com nosso Ego, no nosso dia-a-dia, estão mais alinhadas com os desígnios de nossa Alma - nosso eu mais verdadeiro e profundo - mais em equilíbrio e saudáveis estamos, nos ensinou Dr. Bach.

Ou seja, nossos sonhos são a chave para uma vida mais saudável, mais inteira, mais alinhada com o que de fato nossa Alma veio aqui realizar. Ora, se estamos aqui para aprender as lições que escolhemos, nada melhor que nos utilizarmos de todas as estratégias ao nosso alcance para vivenciá-las com consciência, não?

No início pode ser que você não se lembre de nenhum sonho mesmo, mas comece anotando como se sente ao acordar, por exemplo. Aos poucos, mais e mais sinais virão. O caderno é um grande apoio ao processo de autoconhecimento porque nele podemos anotar nossas ideias, reflexões, sentimentos, pensamentos, insights... e assim nos conhecermos melhor a cada dia...

Eu tenho cadernos desde os 15 ou 16 anos mais ou menos... Tenho uma caixa grande com todos eles guardados. Alguns duraram por mais de 1 ano, outros menos de 1 mês, por exemplo, de tão intenso que foi o período de observação e reflexão sobre mim mesma. Virou, mexeu, eu pego algum caderno para ler, buscar alguma informação a meu respeito, relembrar algum sonho recorrente, por exemplo. Nossa, eu adoro! E como faz toda diferença no meu processo de tomar consciência de mim!

Por isso eu recomendo demais. Tenha o seu caderno de sonhos e reflexões! Esse é o meu novo, que estou começando agora. Comprei aqui em Montreal porque o que eu trouxe já acabou... :)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Férias para dentro de mim

Nesse final de ano, aproveitei o espaço enorme de tempo que as férias do meu filho com o pai deixam na minha vida, cotidianamente preenchida com as tarefas da vida de mãe que trabalha e cria filho sozinha na lida diária, para tirar férias para dentro de mim.

Eu já tinha aproveitado esses momentos, outras vezes, para fazer retiros de meditação e tal, mas esse está sendo muito diferente. Porque nos retiros a gente fica literalmente retirada das atividades cotidianas da vida, apenas seguindo a programação, tendo comida pronta e horários a serem cumpridos. Sempre foram muito bons pra mim também. Mas dessa vez a experiência está sendo tão forte e linda, que me deu vontade de dividir um pouquinho com vocês.

Nessas férias eu vim para Montreal, Canadá, por 18 dias, para me aprofundar na prática do tantra yoga da caxemira, estudar, estar comigo mesma. Aluguei um airbnb e cá estou, num frrrrrriiiiooooo, muita neve, vivendo dias muito, muito intensos, delicados e deliciosos, de auto-observação e experimentação de mim mesma.

Estou vivendo no tempo kairós*: não tenho compromisso nenhum com hora marcada com antecedência, de maneira que eu seja obrigada a cumprir, quer esteja com vontade ou não. Acordo quando os olhos abrem - teve dia que isso aconteceu as 4:30 da manhã e outros as 7:30 -, como quando tenho fome, como o que me dá vontade de cozinhar ou comprar no mercado delicioso que tem aqui ao lado, presto muita atenção no que como, quanto como, como me sinto depois.... se me dá vontade saio de casa, se não dá, passo o dia todo sem colocar os pés dentro da bota - isso significa fora de casa! :)

Durmo quando tenho sono, leio quando quero ler, pratico yoga e medito quando dá vontade, tenho tido tempo para escrever muitas reflexões no meu caderno, já quase terminei com o que eu iniciei dia 24/12, vindo para cá! ;). Leio na cama ao acordar ou antes de dormir, o quanto dá vontade, passo quanto tempo me der vontade olhando pela janela e me deliciando com a delicadeza da neve caindo, tantas vezes rindo sozinha ou deixando as lágrimas rolarem sem dó pela sensibilidade que me causa uma cena vista da janela ou um pensamento ou sentimento que me invadem de repente... não tenho pressa para absolutamente nada...

Se minha bota "morre" no meio do caminho, ok, chego em casa na ponta dos pés e no dia seguinte vou de tênis comprar uma nova - até fico feliz com o incidente, porque não gostava muito da bota que eu tinha, mas como eu já tinha, não ia comprar outra só por comprar... mas como uma parte da sola descolou... pronto, tinha que escolher uma nova e linda bota! :) Se uma dorzinha chatinha no joelho esquerdo - machucado numa aula de dança há quase 2 anos - insiste em voltar pela prática constante do yoga, simplesmente vou à loja natureba que fica a dois quarteirões e lá encontro a mesma pomada homeopática que uso no Brasil... homeopatia alemã... pronto, joelho cuidado...

E assim tem sido com absolutamente tudo, qualquer situação, fato, sentimento ou pensamento... Ter tempo para ampliar a consciência sobre mim mesma, minha vontade, meus sentimentos, sensações, impulsos, virtudes e pequenezes, tem me deixado um sentimento de gratidão tão tamanho, que mal consigo expressar.

Como a vida pode ser tão doce, tão bela, tão deliciosa assim, sem tempo, sem do's ou dont's, apenas na observação de si mesmo para encontrar a voz que fala no mais profundo... a voz da vontade... a motivação da alma... 

Sinto muito que no mundo que vivemos hoje em dia, não conseguimos seguir o ritmo da vida, assim, sendo vivida pela força da vontade que dá. E antes que pensem que não deu vontade de trabalhar, já digo que tenho trabalhado também e bastante até - algumas sessões estão acontecendo, num ritmo menor do que de todas as outras semanas do ano, mas estão; estou escrevendo muito, planejando 2017, preparando aulas, estudando muito (que no meu caso não deixa de ser trabalho) etc... Mas tudo no tempo da minha vontade. E com prazer, sempre! Porque afinal, só fiz porque deu vontade! :)

Desejo de coração que a partir daqui eu viva a minha vida mais e mais no tempo kairós. No tempo da vontade. Da consciência. Da harmonia. Da gratidão.

* Os gregos antigos tinhas duas palavras para o tempo: Chronos e Kairós. Enquanto o primeiro refere-se ao tempo cronológico ou sequencial (o tempo que se mede, de natureza quantitativa), Kairós possui natureza qualitativa, o momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece: a experiência do momento oportuno



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