Quase todo dia
ouço alguém reclamar do trabalho: que não gosta do que faz, que não agüenta
mais a rotina, que não tem ânimo, que o chefe...
O cenário
da maioria das pessoas atualmente é de um dia a dia estressante no trabalho,
cobranças cada vez maiores por resultados, pouco tempo de sobra para o “resto”
das coisas da vida, pouco dinheiro de sobra no final do mês e por aí vai. Por
que será que a nossa sociedade transformou o trabalho em tamanho peso?
Desde a
escolha do caminho profissional, será que as questões que nos nortearam foram o
prazer, o desejo profundo de exercer tal ou qual atividade profissional, a
aptidão? Ah mas como nortear-se por isso, se há contas a pagar, uma vida a
construir, coisas a conquistar? É o que as pessoas me perguntam...
Claro, eu
respondo, há que se pensar nas contas a pagar e todos os outros deveres sociais
que vem com a vida adulta. Mas será que não há possibilidade de se unir os
vários anseios?
Eu acredito
que sim.
Mas eu vejo
a maioria das pessoas tão fechada na crença de que o trabalho é apenas o meio
que viabiliza o dinheiro e este, por sua vez viabilizará a felicidade, que não
enxerga outros caminhos possíveis para isso. E eu pergunto a idéia é chegar lá
ou viver lá?
Então me
lembrei da história do pescador que morava numa casinha simples, pescava a
quantidade de peixes necessária à subsistência da família e vivia sua vidinha
pacata e feliz quando veio alguém e lhe disse – mas por que você não pesca
vários peixes e vende o que você não vai comer? Com isso você faz dinheiro e
daí pesca mais peixes, emprega pessoas, compra barcos etc. e logo você está com
uma grande fortuna? O pescador pensou na idéia e seguiu com ela. Depois de
muitos anos, com uma empresa muito grande, que empregava muita gente, ele
andava tão estressado e infeliz que tudo que queria era vender tudo e ir pescar
seu peixinho tranqüilo... Ora, mas não era isso que ele já tinha, então por que
percorrer todo esse caminho?
A questão
não é o dinheiro em si. Costumo dizer que o dinheiro e tudo que vem com ele é uma
delícia, mas depende do quanto ele custa para mim. Ou seja, quanto de alegria,
satisfação, prazer, ritmo e independência ele vai me custar.
Porque eu
acho que o caminhar da vida é o caminho e precisa ser vivido hoje da maneira
que eu sonho viver algum dia. Não dá para ficar vivendo com a esperança de que
o futuro chegue e então eu possa ser feliz. Tenho que buscar cada possibilidade
de ser feliz hoje, em todas as minhas dimensões de ser.
E a
profissional, como energia fundamental da vida, não pode estar fora dessa
equação. Energia que vem de “ergos” = que produz trabalho, modificação. Nesse
sentido, a energia que coloco no trabalho faz toda diferença no meu processo de
evolução, de vida!
Buscar o
que realiza, o que faz feliz e que te motiva no trabalho pode ser um caminho
mais longo ou mais curto, mas parece ser um imperativo nos tempos de hoje. E a
geração Y talvez possa nos servir de inspiração à medida que já nasceu num
mundo de infinitas possibilidades trazidas pela tecnologia, pela melhora na
condição geral de vida do País e do Mundo nesse momento da história. Eles não
se perguntam se podem fazer, simplesmente vão lá, inventam, acreditam e fazem.
Boa
reflexão para as férias de Julho, não? Boas férias!